Desespero, fome e sede: prepare seu psicológico para ler o relato do drama em Moçambique

PUBLICIDADE

Após a passagem do mortal ciclone Idai, que devastou Moçambique, o repórter da Record TV, Fábio Menegati, fez seu relato sobre o que presenciou no país, após o caótico desastre natural.

O evento climático causou grande destruição na região sudeste de Moçambique. Segundo o repórter, vivenciar os efeitos decorrentes do ciclone foram, para ele, a realidade mais dura já presenciada ao longo de quase duas décadas no jornalismo.

A cidade de Beira, que abriga uma população próxima a 600 mil pessoas, transformou-se em uma visão semelhante a de filmes. Ao abrir a porta de casa, é possível se deparar com o cenário de horror e caos.

Fábio relata que o gerente do hotel que os recebeu, o qual encontra-se totalmente desprovido de eletricidade e água potável, afirma que a tragédia serviu para equiparar no mesmo nível os ricos e os pobres, todos compartilhando do mesmo sofrimento.

A cidade que até então ostentava uma privilegiada situação econômica, em decorrência de seu porto banhado pelo Oceano índico, está agora totalmente arruinada, após a poderosa chuva que contou com ventos além dos 170 quilômetros por hora.

Para aqueles que possuem algum dinheiro, não há praticamente nada para se comprar, pois a região encontra-se totalmente desabastecida de produtos básicos de subsistência. Para os que não possuem nada, a exclusão é ainda maior.

A comunicação está praticamente interrompida. Os poderosos ventos destruíram quase todas as torres de transmissão, fazendo com que o contato via internet ou telefone torne-se uma tarefa muito difícil.

Para se chegar até Beira, somente por transporte aéreo ou por barcos, pois as estradas estão todas arruinadas. Os que ainda resistem, encontram-se isolados, totalmente ilhados pelas águas, sendo que os gritos de socorro pouca força têm para ultrapassar essas dificuldades.

Fome e sede

O maior desejo dos moradores é água potável. A sede é tão grande, que qualquer fonte de água, por mais suja e contaminada que esteja, já é comemorada. 

O temor da contaminação por cólera, um dos maiores tormentos na região, transmitida pela água, já não importa mais, uma vez que a questão primordial é a sobrevivência.

Comida praticamente já não existe, sobretudo para os menos favorecidos financeiramente, que agora se juntam aos vários que se encontram sem abrigo.

Nos pontos de acolhimento, o que se vê é mães sofrendo por não terem condições de dar alimento aos seus filhos, os quais padecem de barriga vazia, com um semblante de profundo sofrimento. 

Fábio Menegati conta que conversou com uma mulher grávida, a qual confessou sentir muitas náuseas e dores. Em seu emocionante relato, ele descreve a perspectiva de ver duas vidas fugindo deste calamitoso mundo marcado por tantos erros.

Ao dialogar com os colegas de profissão, os quais são raros no local, o sentimento compartilhado é o mesmo: o de frustração diante da impotência em se fazer algo para ajudar essas pessoas.